A minha mãe (a balada de um feto)
1 de Janeiro
Impulsionados pelo amor, os meus pais chamaram-me hoje à vida.
15 de Janeiro
Apareceram as minhas primeiras artérias e o meu corpito vai-se formando rapidamente.
19 de Janeiro
Tenho uma boca
21 de Janeiro
O meu coração começa a bater. Quem se atreverá a pôr em dúvida que eu vivo, que eu existo e que estou aqui no nosso mundo?
22 de Janeiro
Não consigo compreender por que é que a minha mãe anda tão preocupada...
28 de Janeiro
Os meus braços e as minhas pernas começam a crescer. Estico-me e espreguiço-me.
8 de Fevereiro
Nas minhas mãos crescem pequenos dedos. Que belo é tudo isto! Em breve poderei tocar e agarrar coisas, graças aos dedos.
16 de Fevereiro
Hoje, definitivamente, a mamã notou que eu realmente estou aqui. Fico alegre por saber disso.
20 de Fevereiro
Agora tenho a certeza: sou uma rapariga.
24 de Fevereiro
Todos os meus órgãos se perfilam já inequivocamente. Posso sentir prazer e dor.
8 de Março
Tenho cabelos e sobrancelhas. Serei bonita.
10 de Março
Os meus olhos já estão formados há algum tempo, embora as minhas pálpebras estejam fechadas. Mas em breve poderei ver tudo: o mundo, tão grande e bonito, a minha mãe e o meu pai.
21 de Março
O meu coração bate magnificamente. Sinto-me protegida e feliz. Por que é que a minha não está? Porquê este seu nervosismo que se contagia?
22 de Março
Hoje a minha mãe assassinou-me.
2 Comments:
sinceramente, dramatismo é o k este assunto não necessita
Chama-lhe outra coisa!
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